A PRAÇA DA CATEDRAL.



A cada dia que passa tem aumentado o número de veículos que estão estacionados na praça da Catedral. Atualmente  estacionam contemporaneamente e de forma caótica mais de cem carros na praça e na pequena rua de acesso: uma verdadeira ocupação ou invasão total do espaço público. Conclusão: pedestre perdeu todos seus direitos de ir e vir, pois nem entra nem passa.

Mas a praça finalmente, é da Catedral, da Prefeitura ou dos motoristas?
A questão vem se arrastando há tempo e enquanto este debate não se esclarece nenhuma proposta é aprovada para humanizar  esta pequena “faixa de Gaza” e quem fica prejudicado é o pedestre que não pode mais atravessar com segurança a  praça e as ruas de acesso.
Desta centena de carros, cerca de oitenta passam o dia estacionados no horário de expediente,  de segunda a sexta feira, só com a obrigação de soltar uma pequena gorjeta aos dedicados flanelinhas.
Mas a  “Praça é do Povo”, já dizia Castro Alves.

Pior é que se este absurdo não for resolvido, nem a praça será  mais do povo e nem a Catedral será mais a Catedral do povo, pois durante a semana ninguém  poderá  mais nem ter acesso à Catedral para a oração, nem entrar na Livraria Oscar Romero para adquirir um bom livro, nem freqüentar um dos grupos de mútua ajuda de alcoólicos, neuróticos ou toxicômanos anônimos que funcionam nas dependências daquele Monumento que é Patrimônio do povo Acreano.
Pessoas idosas costumam pedir socorro aos funcionários da Catedral, mas  cadeirantes ou pessoas obesas nem pensar, pois entre um carro e o outro a passagem é possível  só a quem precisa de não mais de  40 centímetros.

E os voluntários da Catedral? Há Cantores, Músicos, Arquivistas, Coordenadores de Pastoral, Ministros e Padres que diariamente prestam um serviço voluntário, mas às vezes são obrigados a estacionar seu carro no bairro da Base ou na frente do Colégio São José, a menos que tenham vontade e condições de sacar diariamente um ou dois reais para os  flanelinhas.
Estes jovens, diga-se entre aspas, começaram a trabalhar nesta praça desde sua infância, dedicaram aqui  sua adolescência e agora são pais de família sustentando seus filhos, mas sem o amparo das leis trabalhistas. A praça não garante o futuro destes anônimos.

Tudo isso é motivo de conversa às vezes bem animada. Quem considera que a “praça é nossa” não pára de discutir, planejar e propor alternativas urgentes ao atual caos em que o pedaço se encontra: mapear a praça com faixa branca ou amarela ou azul, deixar o espaço necessário para os transeuntes, disciplinar este espaço urbano tão valioso,  evitar o domínio diário de motoristas privilegiados através de um estacionamento rotativo,  respeitar os fiéis que procuram a Igreja para uma hora de conforto espiritual.

A Reitoria da Catedral, juntamente à Diocese de Rio Branco já deu seus passos e apresentou soluções técnicas bem fundamentadas, mas até agora não encontrou  respostas concretas. Órgãos da Prefeitura foram procurados e vereadores foram consultados, mas até agora os poderes constituídos preferiram deixar a praça  do jeito que  está para ver como é que fica, só que a nossa querida praça da Catedral continua sofrendo por falta de acesso, deixa de ser o espaço do povo e menos ainda aquele Cartão de Visita para os centenas de turistas que semanalmente visitam este Monumento conhecido hoje como o “Milagre da Floresta”.
O Milagre da Floresta clama hoje ...pelo Milagre da Cidade.

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