NOTA DA DIOCESE DE RIO BRANCO:
SOLIDARIEDADE E PROTESTO
Invasão,
roubo e ameaças à CPT no Acre
A Diocese de Rio Branco vêm a público
denunciar novos atos de violência praticados contra a CPT do Acre, e reiteram
sua solidariedade e apoio aos agentes de pastoral pelo corajoso trabalho
desenvolvido em defesa do povo do campo e da floresta no Estado do Acre e Sul
do Amazonas, área de atuação da Diocese de Rio Branco.
Na madrugada do dia
20 para o dia 21 de janeiro último, a sede da CPT do Acre foi invadida. O local
foi destelhado e o forro destruído para permitir o acesso às dependências.
Foram roubados computadores, data show, impressoras, máquinas fotográficas,
além de muitos documentos.
A equipe da CPT
encaminhou todos os procedimentos legais, fez o registro de boletim de
ocorrência e solicitou perícia da polícia civil. Esta, no entanto, informou que
não teria sido encontrada nenhuma impressão digital que pudesse levar aos
suspeitos de tal violência.
Tudo leva a crer que
a ação criminosa tenha sido executada por um profissional bem orientado do que
deveria retirar do local, e capaz de dificultar a investigação policial, não se
tratando, portanto, de um furto comum. Isso fica ainda mais evidente uma vez
que, na madrugada do dia 21 para o dia 22 de janeiro, a mesma sede foi mais uma
vez invadida e as únicas coisas levadas foram documentos, inclusive o Boletim
de Ocorrência, feito no dia anterior.
Com esses dois
últimos episódios, já são seis
os casos de invasões na sede da CPT no Acre nos últimos dois anos. Julgamos
importante destacar o fato dessas invasões à sede terem se intensificado após a
CPT denunciar irregularidades em planos de manejo florestal e ação de
fazendeiros e madeireiros no estado do Acre e sul do Amazonas, questionando o
latifúndio e as novas formas de apropriação dos meios naturais coletivos para
transformá-los apenas em capital para alguns.
Somadas às recorrentes
invasões, ameaças foram direcionadas ao agente pastoral que atua no município
de Boca do Acre (AM), Cosme Capistano da Silva, bem como, a Maria Darlene Braga
Martins, coordenadora da CPT na região.
Os signatários
acreditam que as ameaças de morte são feitas tendo em vista a atuação da CPT
Acre nas áreas onde há conflito envolvendo seringueiros, pretensos donos das
terras, grileiros, fazendeiros e madeireiros.
Mesmo tendo sido
feitas reiteradas denúncias ao Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público
Federal (MPF), secretarias de Direitos Humanos e Secretaria de Segurança
Pública nada foi resolvido até o momento. Exigimos que os fatos sejam apurados
com profundidade e transparência e que os verdadeiros executores dessas
violências sejam responsabilizados.
Finalmente, entendemos
que medidas precisam ser tomadas, pois é
urgente a garantia do território às comunidades ribeirinhas e seringueiras.
A Diocese reafirma seu compromisso com as populações
tradicionais e sua corresponsabilidades na defesa da promoção da vida,
denunciando o latifúndio e todas e quaisquer formas de apropriação dos meios
naturais coletivos para transformá-los apenas em capital para alguns.
Jesus, Príncipe da paz abençoe todos os construtores da paz.
Dom Joaquín Pertinez
Rio Branco, 25 de janeiro de 2013.
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