O católico não adora as imagens.


Comumente ouvimos a expressão em tom de acusação: “os católicos são idólatras porque adoram imagens”. Com base numa leitura e interpretação fundamentalista da Bíblia Sagrada, em especial do Antigo Testamento, quem faz esse tipo de afirmação revela desconhecer a história e a linguagem bíblicas.
A Igreja católica ensina a adorar a Trindade Santa, que é um só Deus em três Pessoas divinas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ensina também que quem adorar as criaturas no lugar do Criador é idólatra, pois adorar imagens ou até os bens materiais é idolatria.
Mas os católicos não adoram as imagens. Vamos por parte.
No  livro de  Êxodo 20,4 Deus proíbe ao povo de Israel a confecção de ídolos, isto é, imagens que seriam consideradas e adoradas como deuses.
No livro de Êxodo 25,18, Deus manda o povo de Israel confeccionar duas imagens de dois anjos, chamados querubins que olhassem para o centro da Arca da Aliança.
Assim na Bíblia,  Deus  proíbe a fabricação de imagens para a adoração, mas  manda também construir imagens para recordar  as maravilhas de Deus e para a ornamentação do local sagrado. Leia:
1Rs 6,23-28, quando os Querubins são postos junto à Arca da Aliança no Templo de Jerusalém.
 1Rs 6,29s, quando as paredes do templo foram revestidas de  imagens.
 Nm21,4-9, quando o Senhor mandou confeccionar a serpente de bronze para curar o povo mordido por serpentes.
 1Rs 7,28,s quando entre os ornamentos do Palácio de Salomão foram confeccionadas imagens de leões, touros e querubins.
No Novo testamento não encontramos nenhuma proibição no que se refere à confecção de imagens. Pelo contrário, verificamos alguns textos em que o próprio Cristo aparece como a “imagem” do Deus invisível:

 Cl 1,15, “Ele, Jesus, é a imagem do deus invisível, o Primogênito, anterior a qualquer criatura.”

 1Cor 15,49, “Assim como trouxemos a imagem do homem terrestre, assim também traremos a imagem do homem celeste”.

Na Encarnação do Verbo (Jo 1,1-18), Cristo assume um verdadeiro corpo humano por meio do qual Deus invisível se tornou visível. Por essa razão, Cristo pode ser representado e venerado nas santas imagens.

Desde o primeiro século, bem no início do Cristianismo, quando a Igreja era perseguida pelo Império Romano, os cristãos se reuniam nas catacumbas onde nas paredes desenhavam textos bíblicos como Noé salvo das águas do dilúvio, os três jovens na fornalha ardente cantando, Daniel na cova dos leões, os pães e peixes  da multiplicação, o Peixe que simbolizava o Cristo.
Quando começou o conflito em torno do uso das imagens foi uns setecentos anos depois (séc. VIII e IX). Esta controvérsia foi levada ao Concílio de Nicéia II ( ano de 787) onde se reafirmou a validade do culto das imagens: culto de veneração e não de adoração.

O Culto de Veneração, pode ser tributado às pessoas fiéis ao Evangelho, os Santos ou   também às imagens sagradas pois elas só representam os Santos ou o próprio Senhor.
O Culto de Adoração  é o gesto de reconhecimento da soberania absoluta de Deus.
O Concilio de Nicéia de 787 assim se pronunciou: “ Definimos que, como as representações da Cruz, assim também as veneráveis e santas imagens em pintura, em mosaico ou de qualquer outra matéria adequada, devem ser expostas nas santas igrejas de Deus (sobre os santos utensílios e os paramentos, sobre as paredes e os quadros), nas casas e nas estradas. O mesmo se faça com as imagens de Deus nosso Senhor e de Jesus Cristo Salvador, com as da Santa Mãe de Deus, com as dos santos Anjos e as de todos os Santos e justos. Quanto mais os fiéis contemplarem essas representações, mais serão levados a se recordar dos modelos originais, a se voltar para eles, a lhes testemunhar uma veneração respeitosa, sem que isso seja adoração, pois esta só convém, segundo a nossa fé, a Deus.
Na Igreja, as imagens sempre tiveram um grande valor pedagógico e desde os primeiros séculos do cristianismo sempre foram estimadas por serem elas “o livro daqueles que não sabem ler”. Logo, a contemplação dos ícones santos, ( assim eram chamadas as imagens) associada à meditação da Palavra de Deus e ao canto dos hinos litúrgicos entra em harmonia com os sinais da celebração para que o mistério celebrado se grave na memória do coração e se exprima em seguida na vida nova dos fiéis.

Até Lutero, que é o “pai do protestantismo”, não era contra as imagens, e acreditava que os santos proclamados pela Igreja já estariam na glória de Deus. Lutero ensinava que as imagens são recordações e testemunhos da Igreja e, por isso mesmo, devem ser toleradas. Chegou ainda a afirmar que, se lhe fosse possível, "pintaria toda a Bíblia dentro e fora das casas".

Em 1956, os luteranos, reunidos em Congresso, ponderaram que o preceito de Cristo de pregar o Evangelho, inclui todos os métodos de linguagem: falada, escrita e figurada do artista, pintor ou escultor. Eles concluíam: porque admitir na catequese as impressões auditivas e rejeitar as impressões visuais? (Der christli

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